A necessidade de preservação do meio ambiente não é um tema atual. Há muito se discute a importância de levarmos em consideração as questões ambientais junto ao crescimento econômico. No entanto, na prática, não é tão simples resolver essa questão, pois se trata de minimizar impactos e conciliar com as práticas econômicas, o que depende de muitas mudanças de comportamento e adequação para uma nova realidade.

Uma área que tem auxiliado muito para essa adaptação é a Educação Ambiental. Muitas vezes nós pensamos que educação ambiental é só fazer cartazes com dizeres como: “Não maltrate os animais”, “Não pise na grama”, mas a educação ambiental vai muito além disso. Ela deve também caminhar junto com os projetos de pesquisa científica e pode ser uma aliada para os projetos ambientais de empreendimentos que causam impacto. Mas, na prática, como a educação ambiental pode entrar em ação? Vamos ver alguns exemplos:

A educação ambiental pode colocar a população como aliada do projeto participando de forma ativa

Em alguns projetos de pesquisa, muitas vezes devido a necessidade de grande esforço amostral, podemos inserir a população local como aliada para participar de forma ativa do levantamento de dados.

Isso acontece, por exemplo, quando é feito o monitoramento de alguma espécie em seu hábitat natural, como os animais resgatados do tráfico que foram reintroduzidos ao seu hábitat natural.

Em primeiro lugar, uma boa equipe de educação ambiental, precisa informar a população sobre a importância do projeto ao qual sua comunidade está inserida. Nesse sentido, é preciso antes de mais nada, apresentar o projeto, as propostas e informar a população de todos os passos.

Além disso, é importante adequar a linguagem da forma mais simples para explicar as questões ecológicas mais complexas que estão envolvidas, e a importância do projeto na solução dos problemas existentes naquela situação. Em seguida, população é exposta a importância de participar ativamente pois seus dados são de grande valia para o bom resultado do projeto.

Em comunidades rurais, por exemplo, os moradores podem fazer o levantamento de dados registrando o local, dia, hora e o comportamento em que foram vistos determinados indivíduos da espécie ao qual se deseja acompanhar a reintrodução. Esses dados são de extrema valia pois moradores podem registrar durante todo o período do projeto a qualquer momento. Coisa que uma equipe de observadores jamais conseguiria por maior que fosse seu esforço amostral.

Nesse sentido, a população participará do processo científico da coleta de dados. Isso os deixará extremamente envolvidos e satisfeitos por terem consciência que são peças importantes e fundamentais para a construção de soluções para o problema.

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A Educação Ambiental pode educar para a mudança de hábitos contribuindo para melhores resultados do projeto

Outro fator importante é a sensibilização e informação para a população sobre determinada ação que pode estar prejudicando o meio ambiente.

Muitas vezes a própria população comete crimes sem nem ao menos saber. E um simples esclarecimento pode mudar a atitude das pessoas e ainda os tornar aliados no projeto.

Um bom começo para essa abordagem seria nas escolas, com a capacitação de professores para lidar com o tema, onde as crianças seriam educadas de forma lúdica e interativa. É importante mesclar atividades teórico-práticas onde os alunos fazem atividades em casa para responderem com a ajuda dos familiares, e assim inserir o ambiente familiar no contexto do projeto. Assim, através da escola consegue-se chegar até a casa de cada morador da comunidade e obter informações que enriquecem os dados.

Outra forma é através de conversa direta com a comunidades, como a promoção de eventos na cidade e nas rádios, grupo de discussões em ambientes públicos, entre outros.

No caso de projetos como o citado anteriormente, a população seria informada do ato ilegal em manter um animal silvestre dentro de casa. Ao ficar ciente de que se trata de um ato criminoso, muitos optam por devolver o animal. Até mesmo as crianças podem educar seus familiares sobre as razões do porque o tráfico traz muito sofrimento para os bichos.

A educação ambiental em projetos de consultoria ambiental:

Além desses exemplos, a Educação Ambiental também é fundamental para o sucesso no processo de licenciamento ambiental.

Muitos dos grandes empreendimentos não causam só impacto diretamente a plantas e animais, mas também em comunidades dos municípios locais. No caso de usinas hidrelétricas, por exemplo, são necessárias extensas áreas de inundação podendo incluir cidades inteiras. Podemos perceber que não se trata de um processo simples de resolver com a população, pois esse local possui valores e história.

Nesse sentido, uma conversa pode ser fundamental para o bom encaminhamento de licenciamento que depende da aprovação da população. Portanto, não é um processo simples e, nesse sentido, é fundamental o esclarecimento e a informação como forma de pacificar e encontrar meios de minimizar os impactos a essa população.

Nesse sentido a equipe de Educação Ambiental precisa conversar e, principalmente, saber ouvir essa população. Além de entender suas dores e aflições e buscar encontrar acordos que favorecem ambas as partes.

Conclusão

Esses foram alguns exemplos, mas a Educação Ambiental possui várias funções importantes. Ela é peça fundamental para o sucesso de vários projetos ambientais, como conservação de áreas protegidas, preservação de espécies, proteção de nascentes de rios, proteção de florestas, entre vários outros.

Além disso, a Educação Ambiental tem um papel muito importante na construção de uma visão mais ampla da Natureza. Pois nos leva a reflexões sobre os impactos e as consequências das ações humanas, nos colocando como protagonistas do mundo natural. Isso é fundamental para pensarmos em mudanças de comportamento para enfrentarmos os novos desafios que a atualidade nos pede.